ALABARDA
O termo "Naginata" apareceu primeiramente no Kojiki, em 712 a.C. Inicialmente, Naginata era escrita com caracteres chineses que literalmente significavam “espada longa”. Entretanto, entre 1336 e 1392, espadas de comprimentos extraordinários passaram a ser usadas. Para distinguir entre essas ‘longas espadas’, os caracteres para Naginata foram mudados para “espada que ceifa, espada que varre”, devido aos seus usos característicos em cortar e empurrar/varrer inimigos ou cavalos. Sua origem exata é um mistério, mas existem diversas hipóteses a respeito que vagam desde o uso agrícola até as influências de culturas chinesas e coreanas, uma vez que a Naginata japonesa possui muitos pontos em comum com as alabardas chinesas. Outra hipótese é que a Naginata foi concebida da união de uma lâmina de espada quebrada a um bastão, a princípio, uma arma improvisada, mas que por sua eficiência, teria ganhado espaço nos combates e batalhas.
A Naginata primariamente era utilizada pelos monges guerreiros (Sohei) e pelos Yamabushi (guerreiros das montanhas) durante o período Nara, cerca de 750 a.C. Seu uso logo se estendeu aos samurais (bushi). O período de maior utilização desta arma foi do período Heian (794-1184) em diante. Na Guerra de Tenkei/ Tengyô (939-41), em que exércitos compostos por homens montados se confrontaram, a Naginata chegou a ser tão importante que, dispensando o arco e a flecha no combate de distâncias curtas promoveu o suporte à utilização da espada. Tornou-se uma arma popular de guerra, porém, devido ao tamanho e ao peso, ela certamente apresentava restrições em sua utilização. Para “abrir terreno” ela era perfeita, proporcionando um resultado favorável fácil e rápido, porém em florestas ou áreas confinadas, seu uso se tornava em desvantagem e de extrema restrição.
Foi também muito utilizada no fim desse período, durante as guerras entre os clans Minamoto e Taira (período Genpei, até 1180). No final do poder dos Minamoto e no início do poder da família Hõjõ, depois de 1199, a liderança foi contestada pelos Taira que, nessa única vez, foi liderado por uma mulher, talvez a mais corajosa de todo o Japão, chamada Itagaki. Ela era famosa por suas habilidades com a Naginata e esteve no comando de 3.000 soldados na guerra do Castelo Torizakayama. Cerca de dez mil guerreiros da família Hojo foram impedidos de tomar o castelo, e ela guiou suas tropas para fora do castelo, matando um número significativo de oponentes antes de sucumbir ao poder.
Durante essas guerras e o período Kamakura (1185-1331), a cavalaria cumpria uma função destacada nas batalhas. É aqui que a Naginata começou a ser utilizada pela infantaria contra a cavalaria, cortando as patas dos cavalos e logo atacando seus cavaleiros caídos ao solo. Isto forçou também uma mudança nas armaduras (Yoroi) daquela época, com a introdução do sune-ate (proteção das canelas). A invasão mongol em 1274 e 1281 impulsionou mais ainda a utilização da Naginata em batalhas. Nesse período de guerras, o Ninja soube utilizar a Naginata e seu longo alcance em campo aberto, bem como adaptá-la a outros usos.
Durante o período Muromachi (1392-1573), marcado pelos constantes conflitos entre os vários senhores feudais, a demanda para armas de todos os tipos era muito grande. Cerca de quarenta e cinco ryu de Naginata se desenvolveram, atestando a popularidade dessa arma. Um dos mais tradicionais é o Tenshin Shoden Katori Shinto Ryu, existente até hoje.
No século XVI as armas de guerra foram oficialmente interditadas ao povo, mesmo aos monges, a fim de assegurar o domínio da aristocracia Bushi. No entanto, uma tradição marcial tenaz encorajada pela insegurança da época continuou sobrevivendo nos vilarejos, cidades e nos monastérios.
A chegada da arma de fogo em meados do século XVII modificou muito a forma das batalhas no Japão. Com o início da era Tokugawa (1603-1868) e com o advento da paz, o uso da Naginata sofreu um forte declínio. As batalhas se tornaram raras até cessarem por completo. No entanto, a Naginata manteve seu lugar de honra nas casas aristocráticas, onde era usada pelas esposas e filhas dos samurais na defesa os seus lares e também como um método de treinamento moral. A arma tornou-se decorativa, com fino acabamento em laca dourada, e era levada como dote pelas noivas aristocráticas. É até hoje no Japão a primeira Arte Marcial com ingresso volumoso de mulheres ao treino, o que faz com que os ocidentais digam que é uma arte praticada pelo público feminino.
Durante a Era Meiji (1868–1912), o Naginata foi praticado com caráter de desenvolvimento pessoal – Budo, ou militar – Bujutsu. Foi também introduzido no currículo das escolas públicas, como disciplina escolar. Da mesma forma que o Kendo e o Kenjutsu, a Naginata chegou ao século XXI na forma esportiva e também no budo. As competições de Naginata são muito populares no Japão. As garotas em fase escolar no Japão podem praticar a Naginata como alternativa ao Kendo nas aulas de educação física.